domingo, 21 de janeiro de 2024

Memórias da Educação: ESCOLA SANTINA RIOLLI, 79 ANOS DE CRIAÇÃO

 


ESCOLA ESTADUAL IRMÃ SANTINA RIOLLI, 79 ANOS DE CRIAÇÃO


1945. Macapá. 79 anos de criação da ESCOLA ESTADUAL IRMÃ SANTINA RIOLLI, antes Escola de Prendas Domésticas de Macapá, depois Escola Doméstica de Macapá, depois Ginásio Feminino de Macapá, agora Escola Estadual Irmã Santina Riolli.

Memórias do Jornalismo> HÉLIO PENNAFORT

 



HÉLIO PENNAFORT (1938-2001)

Lembramos, hoje (21), os 86 anos do nascimento do radialista, jornalista e escritor HÉLIO PENNAFORT (Hélio Guarany Pennafort).,autor de “Microrreportagem”, “Entrevista com o Leitor”, “Um pedaço fotopoético do Amapá”, “Estórias do Amapá” e “Amapaisagens”


PERFIL:

Jornalista amapaense, HÉLIO GUARANY PENNAFORT nasceu em Oiapoque-AP, em 21 de janeiro de 1938, e faleceu em Macapá, em 19 de fevereiro de 2001. Filho de Rocque de Souza Pennafort e Cezerlina Guarany Pennafort. Autodidata, estudou até a segunda série do ginásio no Colégio Amapaense, que funcionava ainda na Escola Barão do Rio Branco. 

Em 1956 começa a trabalhar como telegrafista em Oiapoque e Vila Velha do Cassiporé. De 1959 a 1961 fez estágio no Gabinete do Governador Pauxy Nunes; em 1962 retornou ao Oiapoque onde acumulava as funções de radiotelegrafista e Secretário da Prefeitura. 

Em junho de 1964 é transferido para Macapá e passa a trabalhar no Departamento de Jornalismo da Rádio Difusora de Macapá. Em outubro do mesmo ano é nomeado prefeito de Calçoene, e a partir de 1974 passa a trabalhar no gabinete do governador do então Território do Amapá, desempenhando a função de Assessor de Imprensa. Ocupou vários outros cargos na administração pública do Amapá. 

Paralelamente ao seu trabalho como funcionário público, desenvolveu intensa atividade jornalística e literária, tendo dirigido os departamentos de Jornalismo da Rádio Educadora São José e formado a equipe pioneira da TV Amapá. Tabalhou nesta emissora como repórter e depois diretor de telejornalismo. 

Escreveu e apresentou documentários focalizando diversos pontos do Estado, como o rio Oiapoque, a antiga vila do Beiradão, a Base Aerea do Amapá. É membro da Academia Amapaense de Letras e da Associação Amapaense de Escritores (APES), e foi membro do Conselho Estadual de Cultura. 

Publicou: Microreportagem; Entrevista ao Leitor; Um Pedaço Fotopoético do Amapá; Estórias do Amapá e Amapaisagens. É membro da Associação Amapaense de Escritores – APES. Como esportista, jogou voleibol e integrou a Seleção de Oiapoque, que disputou e venceu o torneio de voleibol alusivo ao aniversário  do Territorio do Amapá, em 1963, em Macapá. Foi membro do Conselho Estadual de Cultura e pertence à Academia Amapaense de Letras.

Hélio Pennafort faleceu aos 63 anos, de problemas cardíacos.


quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Memória política: LAURINDO BANHA (1932-1988)

 



Laurindo Banha (1932-1988).


Se estivesse vivo, faria hoje Político e empresário amapaense, LAURINDO DOS SANTOS BANHA nasceu em Macapá em 17 de janeiro de 1932, e faleceu também em Macapá em 19 de dezembro de 1988. Desde criança trabalhou com os irmãos Zagury inicialmente como controlista de vendas da fábrica Flip Guaraná, e depois na direção da  então empresa aérea Cruzeiro do Sul (Hoje Varig). Também trabalhou, sempre com os irmãos Zagury, no Consórcio da Ford Veiculos, transformando-se num empregado de extrema confiança         

 

Em 30 de novembro de 1969 é eleito vereador pelo município de Macapá, para o período de 1970 a 1973. Participou da fundação da antiga Companhia Amapaense de Telefones (CAT), exercendo o cargo de diretor financeiro e conselheiro fiscal. Foi Juiz Classista do Ministério do Trabalho e membro do Conselho Fiscal da Companhia de Eletricidade do Amapá.  Seu falecimento ocorreu em 19 de dezembro de 1988.


Nota: Imagens: Album da Familia e Câmara Municipal de Macapá.



 

 


segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Memórias do Carnaval: SOLIEDARIEDADE

 


Escola de Samba Solidariedade, 41 anos de Carnaval


Nesta segunda-feira, a Escola de Samba Solidariedade completa 41 anos de fundação, com muito carnaval e alegria em Macapá.


Com a denominação de GRÊMIO RECREATIVO IMPÉRIO DE SAMBA SOLIDARIEDADE, a escola de samba foi fundada em Macapá em 15 de janeiro de 1983, por Adelson da Silva Uchoa, Bellarmino Cesar Picanço (Beloca),  Francisco Barriga Fortunato (Mariposa), Manoel Nunes Ramos (Duca), Maria Vilça Nunes Nogueira (Tia Vilça), Pedro Crispim (Bacabinha), Porfírio Souza dos Santos, Raimundo Lino da Soledade (Dico),  Raimundo Nonato Nunes da Soledade e Wilson Maciel de Araújo (Careca).

 

As cores oficiais da instituição são o verde, o vermelho e o branco, e a bandeira tem um circulo branco no meio, com duas mãos cruzadas em forma de cumprimento.

 Em 15 de janeiro de 1983 era fundado o bloco Solidariedade, nome sugerido por Beloca e Adelson, como sendo uma referência e homenagem ao Sindicato dos Trabalhadores Poloneses que estava em evidência, como exemplo de integração, força e determinação. O nome foi aprovado por unanimidade e sem quaisquer restrições, pois tinha o espírito  que todos haviam pensado para o bloco.

 A Escola - Em 1984 o bloco é transformado  em escola de samba, recebendo o nome de Gremio Recreativo Império de Samba Solidariedade, e adota o jacaré como símbolo, quando desenvolveu o enredo “De Jacareacanga a Jesus de Nazaré”, uma homenagem à própria comunidade de onde se originou o bairro.

 O primeiro Samba Enredo da escola foi composto em 1983 por Tadeu, e interpretado por Beloca. O primeiro mestre-sala foi Paraguaçu e a primeira porta-bandeira foi Socorro Nascimento. A batuta para ser o primeiro mestre de bateria foi entregue ao Porfírio, que teve o auxilio de José Maria. A primeira costureira da Escola de Samba foi Maria Braga e, segundo os amantes da escola, a equipe conquistou o respeito, o amor e o carinho dos moradores do bairro Jesus de Nazaré.



 


Memória no Esporte: ESTÁDIO GLICÉRIO MARQUES: 74 ANOS

 


COMPLEXO ESPORTIVO GLICÉRIO MARQUES, 74 anos de eventos esportivos

          Nesta segunda-feira, 15 de janeiro de 1950, completamos 74 anos de inauguração do Estádio Municipal Glicério Marques, atual  Complexo Esportivo Glicério de Souza Marques. O Estádio Municipal Glicério Marques foi inaugurado em 15 de janeiro de 1950,  com um combinado entre as seleções do Amapá e Pará, sob a direção do árbitro carioca Alberto da Gama Malcher. Há quem conteste o dia da inauguração, dizendo que ele foi inaugurado no dia 14.

            Pertencente à Prefeitura de Macapá, a praça de esportes foi inicialmente chamado de Estádio Municipal de Macapá, mas o nome foi mudado para homenagear o primeiro presidente da Federação de Desportos do Amapá, Glicério de Souza Marques. A capacidade atual do estádio é de 5.630 pessoas.  O primeiro jogo no estádio aconteceu na inauguração, quando a Seleção do Amapá enfrentou a Seleção do Pará e perdeu por 1 a 0, com gol de Norman.

O Glicerão foi construído em tempo recorde, após a confirmação do Amapá no XX Campeonato Brasileiro de Futebol de Seleções. Antes desta data as partidas ocorriam na Praça da Matriz, onde está hoje o Teatro das Bacabeira, o que inviabilizava a realização de amistosos com times de outros estados, pois esses se negavam a jogar em campos sem as medidas oficiais e sem um estádio cercado.

É um dos mais antigos do país, sendo mais velho que o próprio Maracanã, que embora construído também em 1950, só começou a funcionar a partir do dia 16 de julho daquele mesmo ano (5 meses depois do Glicerão), por ocasião da Copa do Mundo. E tem também o Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, que começou a ser construído em 1940 e só foi inaugurado 25 anos depois, em 5 de setembro de 1965.

 Mas o Glicério Marques não é o estádio mais antigo do Brasil em funcionamento. Este título vai para o Estádio de Laranjeiras (do Fluminense), anteriormente chamado Estádio Álvaro Chaves, cuja construção iniciou em 17 de outubro de 1902 e inaugurado oficialmente em 1919.

 No jogo de inauguração do Estádio, jogaram os selecionados do Pará e Amapá, ganhando os paraenses de 1 x 0, gol de Cacetão. Jogaram pela Seleção Amapaense, Expedito Cunha Ferro (91, no gol), Cabral, Raimundinho, 75, Genésio, Assis, Major, Luiz Melo, José Maria Chaves, Adãozinho e Boró.

Atualmente ele foi reformado, com alterações profundas (desrespeitando a própria história do monumento), ele recebe o nome de COMPLETO ESPORTIVO GLICÉRIO MARQUES.




 






domingo, 14 de janeiro de 2024

Memória: ELFREDO GONSALVES (1922-2015)

 


Elfredo Gonsalves, jornalista e escritor

Se estivesse vivo, faria hoje 102 anos. Jornalista e escritor, ELFREDO GONSALVES nasceu em Belém do Pará no dia 14 de janeiro de 1922; faleceu em Macapá, em 30 de abril de 2015. Elfredo Távora é um dos filhos do negociante português George Mayer Gonsalves nascido no Brasil, tem muitas histórias para relatar. Mas falar de Elfredo é quase que obrigatório falar de seu ancestral de nome Alfredo Gonçaves, que publicou, em 1932, a obra O VERDADEIRO ELDORADO, em que relata suas andanças pela Amazônia, especialmente na região do Amapá, onde as famílias Távora e Gonsalves estabeleceram seus negócios e formaram as famílias.

 Em 4 de janeiro de 1947 Elfredo é nomeado presidente do diretório regional do PTB, criado nesta data em Macapá.Em 6 de agosto de 1968, por ter criticado o governador Ivanhoé Martins através da revista Hiléia, tem sua prisão solicitada pelo governador, aos órgãos de Segurança do Regime Militar dias antes da visita do presidente Costa e Silva ao Amapá, mas seus amigos influentes o avisam antecipadamente e conseguem anulação do ordem de prisão.

 

            Em represália, Elfredo faz chegar até à comitiva de Costa e Silva, quando de sua escala em Belém, exemplares da revista Hileia, com denuncias que havia feito no momento em que foi exonerado da Divisão de Terras e Colonização, DTC, motivo principal de suas criticas.

 

Elfredo Távora é uma testemunha viva da história do Território do Amapá desde a sua criação, em 1943, quando tinha apenas 21 anos, até os dias atuais do século XXI. Sua trajetória pública foi moldada por um caráter forjado na formação que recebeu ao longo da vida, em que os valores morais são sustentáculos vitais que orientam as ações em todos os sentidos. Por isso, nas páginas que escreveu, além de rememorar alguns episódios pessoais, ele analisa sua participação na vida política do Amapá, através das lides no antigo PTB e contextualiza os episódios locais com a situação nacional.

 

            Corajoso, firme em suas convicções, jamais abriu mão de suas ideias e do senso de liberalismo e ética que nortearam sua atuação e que foram sempre reconhecidos por todos. A Folha do Povo, jornal que circulou no período de 1959 a 1964, se contrapunha à liderança de Janary Nunes e seus sectários, denunciando irregularidades do governo. 


O saudoso Amaury Farias, seu companheiro de lutas, no livro MEUS MOMENTOS POLITICOS, relatou com minúcias as dificuldades de naquela época imprimir e distribuir um jornal sem qualquer tipo de apoio e sob a constante vigilância policial e de como era quase impossível lançar-se uma candidatura oposicionista. Episódios vividos por Elfredo engrandecem o verdadeiro espírito de luta e idealismo que norteou aquela geração de jovens que sempre almejavam o melhor para esta região brasileira, cujos governos nomeados quase sempre não atendiam aos verdadeiros anseios da população.

 

 


sábado, 13 de janeiro de 2024

Memória da Educação: RISALVA AMARAL


 

RISALVA AMARAL (1920 - 2010)

Professora e escritora


            A professora RISALVA FREITAS DO AMARAL nasceu em 5 de abril de 1920, na cidade de São Benedito (Ceará), e faleceu em Macapá, em 13 de janeiro de 2010. Filha de Floro Rodrigues de Freitas e Odilha Aragão de Freitas. Iniciou seus estudos no Colégio das Irmãs Dorotéias e em 1934 foi transferida para a Escola Normal Justiniano de Serpa, depois Instituto de Educação do Ceará, formando-se em Normalista em 14 de dezembro de 1940, dedicando ao magistério toda sua vida.

Em 28 de fevereiro de 1953 chega a Macapá, acompanhando o marido, tenente Amaral, destacado pela Aeronáutica para coordenar a construção do campo de pouso do município de Amapá, onde iniciou sua vida no magistério. Em seguida, transfere-se para o Oiapoque, depois para Macapá, onde atuou na Educação durante 30 anos, sendo 28 na sala de aula e dois coordenando assuntos culturais.

            Em Macapá, as escolas onde lecionou foram: Alexandre Vaz Tavares, Escola Doméstica (hoje Santina Riolli, antes Ginásio Feminino de Macapá); Colégio Comercial do Amapá (hoje Escola Gabriel Café), Colégio Amapaense (por quase 10 anos), e Coaracy Nunes, aposentando-se em 1982, após trabalhar, por dois anos, com a professora Maria Inerine Pereira, no antigo Departamento de Ação Complementar da Secretaria de Estado da Educação.

Em 24 de abril de 2008,  lançou sua obra “Retalhos de uma Vida”, de poesia e prosa.




 


PORTO DE SANTANA, NO AMAPÁ





PORTO DE SANTANA: 

67 anos da 1º exportação de manganês

 

Localizado a 20 km de Macapá, está situado na margem esquerda do rio Amazonas. Possui localização geográfica estratégica privilegiada em relação às principais rotas marítimas de navegação, permitindo conexão com portos de outros continentes, além da proximidade com o Caribe, Estados Unidos e União Européia, servindo como entrada e saída da região amazônica.

 

O acesso rodoviário ao porto acontece pelas rodovias AP 10 (estadual), que liga Macapá a Mazagão; BR-210 (federal), que encontra a BR-156 (federal) próximo a Macapá, e pela rodovia JK (Macapá – Fazendinha), que alcança diretamente as instalações portarias.  O acesso pela via marítima ocorre pelo rio Amazonas, tanto pela barra norte, situada nas ilhas Janaucu e Curuá, como pela barra sul, delimitada pelas ilhas de Marajó e Mexiana.

 

O acesso ferroviário chega até o terminal privativo da Icomi, restando uma distância de apenas 2 quilômetros até a área portuária. Para o ingresso ao porto é utilizado o canal natural de Santana, braço norte do rio Amazonas, com largura variável entre 500 e 800 metros, e calado operacional de 12 metros.

 Construído pela Icomi na década de 60, foi inicialmente porto de embarque de manganês, que vinha das jazidas de Serra do Navio. Atualmente ele é usado para desembarque de produtos importados que vêm de várias partes do mundo para a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana

As instalações do Porto compreendem: dois cais para atracação, sendo o Cais 1, com 200 metros de extensão e profundidade de 12 metros, e o Cais 2 com 150 metros de comprimento e 10 de profundidade; um armazém para carga geral na retaguarda do Cais 1; um galpão e pátio com 3 mil m2; um pátio de contêineres que ocupa uma área de 16 mil m2 com capacidade para abrigar até 900 contêiners.

Em sua área de influencia estão ainda dois terminais de uso privativo: o terminal da ICOMI (com 270 metros de cais e profundidade mínima de 12 metros), e o TEXACO (com 120 metros de cais e profundidade mínima de 10 metros).

Em sua estrutura operacional o Porto de Santa conta com equipamentos modernos que garantem agilidade ao serviço. Contém guindaste Grove para até 130 toneladas; empilhadeira Belotti para contêineres de até 40 toneladas; tratores reboque de carretas; carretas para contêineres de 20 a 40 pés; transportadora contínua de correia móvel para movimentação e empilhamento, além de uma balança eletrônica de 80 toneladas.

O porto é administrado pela Companhia Docas de Santana, empresa pública de direito privado com autonomia administrativa, vinculada institucionalmente à Prefeitura Municipal de Santana.

 

1956: COMO TUDO COMEÇOU

 

O porto de Santana, a estrada de ferro e a mina compunham a trilogia necessária que a Icomi implantou com recurso próprio para o escoamento e comercialização do manganês de Serra do Navio. Construído na margem esquerda do rio Amazonas e localizado a 20 quilômetros da cidade de Macapá, à época, o porto esteve entre os mais destacados do mundo. Sua concessão à Indústria e Comércio de Minérios S.A (Icomi) foi autorizada pelo Decreto Nº 39.762 de 09/08/1956, assinado pelo presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira.

Para mantê-lo legalizado, seguiram-se os atos oficiais: certidão expedida pelo Tribunal de Contas da União autorizando o registro do contrato de cessão de 129 hectares da área portuária, publicado no D.O. da União de 05/10/1953; autorização do Departamento Nacional dos Portos para construir e operar embarcadouro de minério em regime de simples trapiche; autorização do Ministério da Marinha para construção de embarcadouro de minério; autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral para exportar minério de manganês; autorização do Conselho Nacional do Petróleo para construção de depósitos de óleo diesel e gasolina na área portuária; ato declaratório da SRRF/2ª Região formalizando o alfandegamento do Terminal Privativo da Icomi; contrato de cessão, sob regime de aforamento junto ao Patrimônio da União no qual a Icomi tornava-se titular do domínio útil da Área Industrial de Santana; contrato de adesão MT-DPH Nº 008/93, celebrado com a União, pelo qual ficava a Icomi titular da área portuária por 25 anos prorrogáveis por mais 25.

Superada toda a fase de legalização, a Icomi contratou a empresa norte-americana Morgan, Procter, Freeman e Muesser para estudar e projetar a melhor estrutura portuária para embarque de cargas gerais e de grandes quantidades de minérios em graneleiros de grandes calados, considerando as características do rio Amazonas, suas grandes enchentes, a amplitude de suas marés, seu enorme caudal, sua forte correnteza e ainda levando em conta as restrições geológicas do solo fraco e pobre do litoral amazônico.

Para atender todas essas exigências foram projetados um píer fixo de concreto armado para movimentação de carga geral e um cais flutuante exclusivo para minérios. O porto foi implantado em privilegiado terreno do litoral que permitia a aproximação e atracação de graneleiros com calado de até 12 pés nas marés baixas.

O píer fixo de concreto tem 83 m de comprimento, 16 m de largura, guincho elétrico para 65 ton., e está ligado ao terminal ferroviário de Santana. O cais flutuante, exclusivo para minérios, inicialmente pensado para 300 m de comprimento e 52 flutuadores acabou sendo reduzido para 248 m de comprimento e 48 flutuadores. Todo em estrutura metálica, ficava a 50 m da margem e estava ancorado por dois braços (treliças metálicas) a duas torres de concreto fixadas no continente. Esse tipo de fixação permitia que a estrutura como um todo flutuasse solidariamente com as marés e, consequentemente, com os navios.

O sistema decarregamento mecanizado. Correia transportadora dotada de lança móvel depositava o minério diretamente no porão do navio. A capacidade de carregamento no início era 1.600 t/h. O sistema dispunha de amostradores e balanças automáticas, além de laboratório para análises química e granulométrica do minério. Adjacentes à área do porto funcionavam outras unidades operacionais, tais como pátio ferroviário de manobra com 4.197 m de linhas; moega para descarga de areia e granulados transportados pelo trem; tanques para combustíveis, sendo um para óleo diesel com capacidade para 3.200.000 litros e outro para gasolina com capacidade para 870.000 litros; depósito elevado para água tratada com capacidade de 94.500 litros; casa de força com 3 grupos geradores de 600 KVA cada; oficina mecânica com 1.670 m de área coberta; almoxarifado com 850 m; quatro câmaras frigoríficas; dique de locomotivas; posto de lubrificação; oficina elétrica e eletrônica; corpo de bombeiros; escritório central da administração e outros prédios afins. Por reunir todas essas atividades, a área do porto era conhecida como área industrial.

A estrutura portuária foi construída pela empresa Folley Brothers Inc. e custou US 7.500.000. Em dois períodos distintos, o primeiro de 1957 a 1997 e, outro, de 2006 a 2013, o porto de Santana contribuiu de maneira insofismável para a economia do Amapá. Por ele entraram e saíram milhões de toneladas de carga geral, saíram 90 milhões de toneladas de manganês, ferro e cromita, e entraram cerca de 6 e meio bilhões de dólares americanos. Não foi pouco. Por isso, passados 40 meses do gravíssimo acidente que sofreu sem que haja perspectivas de recuperação, a situação é deplorável.

 

1980: CRIAÇÃO DA COMPANHIA DAS DOCAS DE SANTANA

 

A construção do moderno Porto de Santana, depois do Porto da Icomi (antigo Porto de Macapá) foi iniciada em 1980, com a finalidade original de atender à movimentação de mercadorias por via fluvial, transportadas para o Estado do Amapá e para a Ilha de Marajó. Todavia, pela sua posição geográfica privilegiada, tornou-se uma das principais rotas marítimas de navegação, permitindo conexão com portos de outros continentes, além da proximidade com o Caribe, Estados Unidos e União Européia, servindo como porta de entrada e saída da região amazônica.

A inauguração oficial das instalações modernas ocorreu em 6 de maio de 1982. A partir de 14 de dezembro de 2002, através do Convênio de Delegação nº 009/02 do Ministério dos Transportes e a Prefeitura de Santana, com a interveniência da Companhia Docas do Pará, foi criada a Companhia Docas de Santana, empresa pública de direito privado para exercer a função de Autoridade Portuária.

 

ADMINISTRAÇÃO do Portro:  Companhia Docas de Santana - CDSA

LOCALIZAÇÃO: Na margem do Rio Amazonas, no canal de Santana, em frente à ilha do mesmo nome, a 18 km de Macapá, capital do Estado do Amapá.

 

ÁREA DE INFLUÊNCIA: Compreende o Estado do Amapá e toda bacia amazônica e seus principais portos: Porto de Trombeta; Porto de Munguba; Porto de Santarem; Porto de Itacoatiara; Porto de Manaus, Porto de Porto Velho e Porto de Itaituba, os municípios paraenses de Afuá e Chaves, situados na foz do Rio Amazonas, a noroeste da ilha de Marajó.

 

ACESSOS: Rodoviário: pelas rodovias AP-010, ligando as cidades de Macapá e Mazagão; BR-210 (Perimetral Norte), encontra a BR-156, próximo a Macapá, e na área urbana, pela Rua Cláudio Lúcio Monteiro. Ferroviário: a 2km das instalações portuárias, a estrada de ferro do Amapá – EFA, liga a Serra do Navio até o terminal privativo da Tocantins Mineração S/A, em Santana. Marítimo: pelo Rio Amazonas, pela Barra Norte, situada entre as ilhas Janaucu e Curuá e pela Barra Sul, delimitada pelas ilhas de Marajó e Mexiana; pelo canal natural de Santana, braço norte do Rio Amazonas, com largura variável entre 500m e 800m e profundidade operacional de 12m. Fluvial: pelo Rio Amazonas e seus afluentes.

Aéreo: Aeroporto Internacional de Macapá, a 20 km do porto, com vôos diários para as principais capitais do Brasil.

 

ÁREA DO PORTO ORGANIZADO: Conforme Portaria-MT nº 71, de 15/03/00 (D.O.U. de 16/03/00), a área do Porto Organizado de Santana, no Município de Santana, no Estado do Amapá, é constituída:

 

EQUIPAMENTOS: 1 guindaste Grove modelo GMK – 5130 para 130t; 1 empilhadeira Hyster de 7t; 2 empilhadeiras Yale de 3t; 2 tratores Ford CBT para reboque de carretas; 6 carretas para contêineres; 6 carretas para palets; 2 transportadores de correia móvel e elétrica; 1 balança rodoviária eletrônica de 80t

1 ship-loader para cavaco, da Amcel e 1 empilhadeira Belotti para contêineres de 40t

 

ESTRUTURA DE APOIO: Energia Elétrica: banco de 3 transformadores trifásicos de 75 kva nas tensões440/254V, 380/220V e 220/127V; Água: fornece água potável para os navios. Tomadas para contêineres frigorificados: 04 tomadas trifásicas de 220 V; 06 tomadas trifásicas de 380 V; 10 tomadas trifásicas de 440 V

            04 empresas atuam como operadores portuários: Mineração Vila Nova, Amapá Celulose – Amcel, Amazon Log e MMX – Minerais e Metálicos do Amapá. Praticagem: Praticagem da Bacia Amazônica Oriental Ltda. Rebocadores: não existe (não precisa)

 

MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS: Cargas predominante: Cromita, manganês, madeira, cavaco de eucalipto e pinus, biomassa, minério de ferro e pasta de celulose.

 

PROJETOS DE EXPANSÃO: Ampliação do píer 2 para 200m e construção de um novo berço.

 

 

REFERÊNCIAS

 

http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/3158/1/Artigo_IcomiAmapaMeio.pdf

 

AMAPÁ. Assembléia Legislativa. Relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito da ICOMI. Macapá, 1999. AMAPA.

 

Anuário estatístico do Amapá. Amapá, 1968 e 1997.

 

BANCO DA AMAZÔNIA. Diagnóstico econômico preliminar das áreas urbanas do Acre, Roraima e Rondônia. Belém, 1969. BUNKER, Stephen G. Underdeveloping the Amazon: Extraction, Unequal Exchange, and the Failure of the Modern State. Champaign: University of Illinois Press, 1985.

 

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

 

CHANDLER, Alfred D. Ensaios para uma teoria histórica da grande empresa. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. CUNHA, Álvaro da. Quem explorou quem no contrato de manganês do Amapá. Macapá: RUMO, 1962.

 

DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL. Sumário mineral. Brasília, DF, 2002.

 

 FERNANDES, Francisco Rego Chaves et al. Os maiores mineradores do Brasil: perfil empresarial do setor mineral brasileiro. São Paulo: EMEP; CNPQ, v. 3. p. 1012, 1982.

 

Maurílio de Abreu Monteiro 166 GEORGESGU-ROEGEN, Nicholas. The entropy law and the economic process. 4. ed. Cambridge: Harvard University Press, 1971.

 

GONÇALVES, Everaldo; SERFATY, Abraham. Perfil analítico do manganês. Brasília, DF: DNPM, 1976.

 

GUERRA, Antonio Teixeira. Contribuição ao estudo da geologia do Território Federal do Amapá. In:

 

GUERRA, Antonio Teixeira. Coletânea de textos geográficos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 271-311, 1994.

 

INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MINÉRIOS DE FERRO E MANGANÊS. O manganês no Amapá. Rio de Janeiro, 1958, 1968, 1975 e 1976.

 

INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MINÉRIOS DE FERRO E MANGANÊS. A exploração do minério de manganês do Amapá. Macapá, 1960.

 

 INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MINÉRIOS DE FERRO E MANGANÊS. Usina de pelotização de Manganês. Macapá, 1972. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MINÉRIOS DE FERRO E MANGANÊS. Exaustão das reservas remanescentes do distrito manganesífero de Serra do Navio. Macapá: Roberto Costa Engenharia LTDA, nov. 1997.

 

JAAKKO PÖYRY ENGENHARIA LTDA. Anteprojeto de disposição final dos resíduos da usina de pelotização/sinterização estocados na área industrial da ICOMI – Santana – AP. Santana, AP, maio 1998.

 

 LEAL, Aluízio Lins. Amazônia: aspectos políticos da questão mineral. 1988. 311 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento) – Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, Belém, 1988.

 

 LIMA, Marcelo O. et al. O estudo da dispersão do As no meio físico na área de estocagem de minério de Mn e adjacências no município de Santana, Estado do Amapá. Belém: Instituto Evandro Chagas, 2002. Relatório de pesquisa.

 

MORAES, Paulo Dias; MORAES, Jurandir Dias. O Amapá em perspectiva. Macapá: Valcan, 2000.

 

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PLANASA. Companhia de Ferroligas do Amapá – CFA. Projeto de implantação. Belém, 1987.

 

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 REIS, O. P. A crise do manganês amapaense: o dilema das economias produtoras exportadoras de matérias-primas. Belém: SUDAM, 1968.

 

RIBEIRO, Benjamin Adiron. Vila Serra do Navio: comunidade urbana na selva amazônica. São Paulo: Pini, 1992.

 

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Memória: BINGA UCHOA (1910-1994)




Binga Uchoa (1910 - 1984 - comerciante e político


Se estivesse vivo, completaria hoje (13) 104 anos. Empresário e politico, BENEDITO DA COSTA UCHOA (Binga Uchoa) nasceu em 13 de janeiro de 1910, em Anajás´-PA. Fez o curso primário  ao mesmo tempo em que trabalhava no comércio de seu pai. Chegou em Macapá em maio de 1946, trazendo a família, e instalou uma empresa de comércio de material de construção e ferragens. Ingressa na Assembleia de Deus.

 

            Casou com Luiza de Andrade Uchoa, nascendo os filhos Alberto, Abraam, Dina, Sara, Ester, Paulo, Benedito, Isaac e João. Na políica, ingressa no Partido Trabalhista Brasileiro – PTB – ajudando a criar o Diretório Regional no Amapá. Conquistou amizades do presidente Getúlio Vargas e de outros políticos ilustres como João Goulart, Persival Barroso e Ulisses Guimarães. Liderou a Oposição no então Território Federal do Amapá da qual fazem parte  Amaury Farias, Armando Lima, Claudomiro de Morais, Duca Serra,  Elfredo Távora, Francisco Laranjeira, Joca Furtado, Mário Ramos, Zeca Serra,  além de outros membros importantes das famílias de Macapá. 

            Após a extinção do PTB e os demais partidos de oposição, filiou-se ao MDB  de Ulisses Guimarães, que posteriormente se transformou em PMDB, assumindo a presidência do Diretório Regional. Anos depois funda o PDC – Partido Democrata Cristão, e assume a presidência do diretório regional do
Amapá. Eleito Vereador de Macapá em 1978, tem uma atuação destacada na oposição.
 

            Aos 84 anos, em 1994, Binga Uchoa sofre um acidente que o tornou paraplégico, vindo a falecer no mesmo ano.



terça-feira, 9 de janeiro de 2024

JULIÃO RAMOS, PRECURSOR DO MARABAIXO

 



MEMÓRIA: JULIÃO RAMOS: 134 ANOS


Um dos maiores lideres da comunidade negra do ex Território do Amapá, e considerado um dos patriarcas do Marabaixo (e era exímio tocador de Caixa, principal instrumento do Marabaixo), JULIÃO RAMOS (Julião Thomaz Ramos) nasceu em Macapá, em 9 de janeiro de 1890. Faleceu também em Macapá, em 25 de junho de 1958. Filho de Thomaz Agrávio Ramos  e Felícia Agrávio Ramos.

          Estudou na escola primária, o suficiente para ler e escrever. A residência de seus pais ficava entre o barranco da atual Praça Euclides Figueiredo e a então estreita Rua de Trás, que já foi Independência, e hoje tem o nome de Binga Uchoa.   Foi com ele que o governador Janary Nunes teve os primeiros entendimentos para transferência de famílias com seus barracos, para uma área mais distante, por tràs do “Poço do Mato”, que denominavam  “Campos do Laguinho”. Houve reação inicial dos negros, em razão  deles terem que se desfazer das árvores frutíferas e pequenas roças, mas o governo ofereceu uma gorda indenização, e o compromisso  de construir casas confortáveis. Foi assim que surgiu o bairro do Laguinho.

          Casou com Januária Simplício Ramos, que lhe deu seis filhos: Felícia Amália, Alipio de Assunção, Apolinário Libório, Benedita Guilhermina  e Joaquim Miguel. Foi servidor público municipal, encarregado de zelar pelo Campo de Aviação.  Na cultura, formou com Raimundo Ladislau a dupla de maior expressão do Maraaixo, tendo Raimundo Ladislau como compositor e autor das letras e versos ladrões do marabaixo, e Julião Ramos  como tocador de caixa e “cantador”



 


MÃE LUZIA



 MÃE LUZIA, UMA DAS PRIMEIRAS PARTEIRAS DE MACAPÁ


Ela foi uma das primeiras parteiras da fase territorial do Amapá. Filha de escravos, seu nome cristão era Francisca Luzia da Silva.  Nasceu em Macapá em  9    de  janeiro   de 1854, e faleceu em Macapá, aos 100 anos, em 24 de setembro de 1954. Foi homenageada, dando seu nome à Maternidade de Macapá, que passou a se chamar Hospital da Mulher Mãe Luzia. Passou a ser imortalizada através do poema de Álvaro da Cunha, que diz, numa das estrofes:

 

            “Mãe Luzia! Mãe preta e um coração

            Que através dos milagres de ternura

            Da mais rudimentar puericultura

            Foi o primeiro doutor da região”.

 

            Naquela época, as mãos e a experiência de Mãe Luzia trouxeram centenas de vida a este pedaço de Brasil. Ganhou o título de Mãe Luzia do coronel Coriolano Jucá, intendente (espécie de prefeito) de Macapá em 1895, que convidou-a para trabalhar como parteira, com remuneração de um salário, da Intendência de Macapá. A alcunha de “Mãe Luzia” foi dada, carinhosamente, por Coriolano.

            Também lavadeira, Mãe Luzia passava boa parte do dia curvada sobre a tina de água, nos coradouros, levantando varais de roupas e os pesados ferros de engomar. Morava no “Formigueiro”, localizado atrás da Igreja de São José, e sempre foi visitada pelas autoridades do Amapá, em busca de conselhos., entre elas o governador Janary Nunes. 

            Em contrasta com a bata branca, sempre bem engomada, com a qual costumava sair, Mãe Luzia recebia os visitantes vestida nos costumes de seus ancestrais, com os seios expostos e sais rodadas. Inspirou artistas de todas as áreas, que em versos e telas eternizaram sua coragem e dedicação. 

            Foi casada com Francisco Secundino da Silva, um jovem negro, também filho de escravos, que por força política de Mãe Luzia chegou aos postos de comandante da Guarda Nacional e vereador de Macapá. 

            Faleceu aos 100 anos, em 24 de setembro de 1954, e foi sepultada em grande cortejo popular. Seu nome foi dado à antiga Maternidade de Macapá, inaugurada no dia 13 de setembro de 1953, pelo ex-governador Janary Nunes.