sábado, 13 de janeiro de 2024

PORTO DE SANTANA, NO AMAPÁ





PORTO DE SANTANA: 

67 anos da 1º exportação de manganês

 

Localizado a 20 km de Macapá, está situado na margem esquerda do rio Amazonas. Possui localização geográfica estratégica privilegiada em relação às principais rotas marítimas de navegação, permitindo conexão com portos de outros continentes, além da proximidade com o Caribe, Estados Unidos e União Européia, servindo como entrada e saída da região amazônica.

 

O acesso rodoviário ao porto acontece pelas rodovias AP 10 (estadual), que liga Macapá a Mazagão; BR-210 (federal), que encontra a BR-156 (federal) próximo a Macapá, e pela rodovia JK (Macapá – Fazendinha), que alcança diretamente as instalações portarias.  O acesso pela via marítima ocorre pelo rio Amazonas, tanto pela barra norte, situada nas ilhas Janaucu e Curuá, como pela barra sul, delimitada pelas ilhas de Marajó e Mexiana.

 

O acesso ferroviário chega até o terminal privativo da Icomi, restando uma distância de apenas 2 quilômetros até a área portuária. Para o ingresso ao porto é utilizado o canal natural de Santana, braço norte do rio Amazonas, com largura variável entre 500 e 800 metros, e calado operacional de 12 metros.

 Construído pela Icomi na década de 60, foi inicialmente porto de embarque de manganês, que vinha das jazidas de Serra do Navio. Atualmente ele é usado para desembarque de produtos importados que vêm de várias partes do mundo para a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana

As instalações do Porto compreendem: dois cais para atracação, sendo o Cais 1, com 200 metros de extensão e profundidade de 12 metros, e o Cais 2 com 150 metros de comprimento e 10 de profundidade; um armazém para carga geral na retaguarda do Cais 1; um galpão e pátio com 3 mil m2; um pátio de contêineres que ocupa uma área de 16 mil m2 com capacidade para abrigar até 900 contêiners.

Em sua área de influencia estão ainda dois terminais de uso privativo: o terminal da ICOMI (com 270 metros de cais e profundidade mínima de 12 metros), e o TEXACO (com 120 metros de cais e profundidade mínima de 10 metros).

Em sua estrutura operacional o Porto de Santa conta com equipamentos modernos que garantem agilidade ao serviço. Contém guindaste Grove para até 130 toneladas; empilhadeira Belotti para contêineres de até 40 toneladas; tratores reboque de carretas; carretas para contêineres de 20 a 40 pés; transportadora contínua de correia móvel para movimentação e empilhamento, além de uma balança eletrônica de 80 toneladas.

O porto é administrado pela Companhia Docas de Santana, empresa pública de direito privado com autonomia administrativa, vinculada institucionalmente à Prefeitura Municipal de Santana.

 

1956: COMO TUDO COMEÇOU

 

O porto de Santana, a estrada de ferro e a mina compunham a trilogia necessária que a Icomi implantou com recurso próprio para o escoamento e comercialização do manganês de Serra do Navio. Construído na margem esquerda do rio Amazonas e localizado a 20 quilômetros da cidade de Macapá, à época, o porto esteve entre os mais destacados do mundo. Sua concessão à Indústria e Comércio de Minérios S.A (Icomi) foi autorizada pelo Decreto Nº 39.762 de 09/08/1956, assinado pelo presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira.

Para mantê-lo legalizado, seguiram-se os atos oficiais: certidão expedida pelo Tribunal de Contas da União autorizando o registro do contrato de cessão de 129 hectares da área portuária, publicado no D.O. da União de 05/10/1953; autorização do Departamento Nacional dos Portos para construir e operar embarcadouro de minério em regime de simples trapiche; autorização do Ministério da Marinha para construção de embarcadouro de minério; autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral para exportar minério de manganês; autorização do Conselho Nacional do Petróleo para construção de depósitos de óleo diesel e gasolina na área portuária; ato declaratório da SRRF/2ª Região formalizando o alfandegamento do Terminal Privativo da Icomi; contrato de cessão, sob regime de aforamento junto ao Patrimônio da União no qual a Icomi tornava-se titular do domínio útil da Área Industrial de Santana; contrato de adesão MT-DPH Nº 008/93, celebrado com a União, pelo qual ficava a Icomi titular da área portuária por 25 anos prorrogáveis por mais 25.

Superada toda a fase de legalização, a Icomi contratou a empresa norte-americana Morgan, Procter, Freeman e Muesser para estudar e projetar a melhor estrutura portuária para embarque de cargas gerais e de grandes quantidades de minérios em graneleiros de grandes calados, considerando as características do rio Amazonas, suas grandes enchentes, a amplitude de suas marés, seu enorme caudal, sua forte correnteza e ainda levando em conta as restrições geológicas do solo fraco e pobre do litoral amazônico.

Para atender todas essas exigências foram projetados um píer fixo de concreto armado para movimentação de carga geral e um cais flutuante exclusivo para minérios. O porto foi implantado em privilegiado terreno do litoral que permitia a aproximação e atracação de graneleiros com calado de até 12 pés nas marés baixas.

O píer fixo de concreto tem 83 m de comprimento, 16 m de largura, guincho elétrico para 65 ton., e está ligado ao terminal ferroviário de Santana. O cais flutuante, exclusivo para minérios, inicialmente pensado para 300 m de comprimento e 52 flutuadores acabou sendo reduzido para 248 m de comprimento e 48 flutuadores. Todo em estrutura metálica, ficava a 50 m da margem e estava ancorado por dois braços (treliças metálicas) a duas torres de concreto fixadas no continente. Esse tipo de fixação permitia que a estrutura como um todo flutuasse solidariamente com as marés e, consequentemente, com os navios.

O sistema decarregamento mecanizado. Correia transportadora dotada de lança móvel depositava o minério diretamente no porão do navio. A capacidade de carregamento no início era 1.600 t/h. O sistema dispunha de amostradores e balanças automáticas, além de laboratório para análises química e granulométrica do minério. Adjacentes à área do porto funcionavam outras unidades operacionais, tais como pátio ferroviário de manobra com 4.197 m de linhas; moega para descarga de areia e granulados transportados pelo trem; tanques para combustíveis, sendo um para óleo diesel com capacidade para 3.200.000 litros e outro para gasolina com capacidade para 870.000 litros; depósito elevado para água tratada com capacidade de 94.500 litros; casa de força com 3 grupos geradores de 600 KVA cada; oficina mecânica com 1.670 m de área coberta; almoxarifado com 850 m; quatro câmaras frigoríficas; dique de locomotivas; posto de lubrificação; oficina elétrica e eletrônica; corpo de bombeiros; escritório central da administração e outros prédios afins. Por reunir todas essas atividades, a área do porto era conhecida como área industrial.

A estrutura portuária foi construída pela empresa Folley Brothers Inc. e custou US 7.500.000. Em dois períodos distintos, o primeiro de 1957 a 1997 e, outro, de 2006 a 2013, o porto de Santana contribuiu de maneira insofismável para a economia do Amapá. Por ele entraram e saíram milhões de toneladas de carga geral, saíram 90 milhões de toneladas de manganês, ferro e cromita, e entraram cerca de 6 e meio bilhões de dólares americanos. Não foi pouco. Por isso, passados 40 meses do gravíssimo acidente que sofreu sem que haja perspectivas de recuperação, a situação é deplorável.

 

1980: CRIAÇÃO DA COMPANHIA DAS DOCAS DE SANTANA

 

A construção do moderno Porto de Santana, depois do Porto da Icomi (antigo Porto de Macapá) foi iniciada em 1980, com a finalidade original de atender à movimentação de mercadorias por via fluvial, transportadas para o Estado do Amapá e para a Ilha de Marajó. Todavia, pela sua posição geográfica privilegiada, tornou-se uma das principais rotas marítimas de navegação, permitindo conexão com portos de outros continentes, além da proximidade com o Caribe, Estados Unidos e União Européia, servindo como porta de entrada e saída da região amazônica.

A inauguração oficial das instalações modernas ocorreu em 6 de maio de 1982. A partir de 14 de dezembro de 2002, através do Convênio de Delegação nº 009/02 do Ministério dos Transportes e a Prefeitura de Santana, com a interveniência da Companhia Docas do Pará, foi criada a Companhia Docas de Santana, empresa pública de direito privado para exercer a função de Autoridade Portuária.

 

ADMINISTRAÇÃO do Portro:  Companhia Docas de Santana - CDSA

LOCALIZAÇÃO: Na margem do Rio Amazonas, no canal de Santana, em frente à ilha do mesmo nome, a 18 km de Macapá, capital do Estado do Amapá.

 

ÁREA DE INFLUÊNCIA: Compreende o Estado do Amapá e toda bacia amazônica e seus principais portos: Porto de Trombeta; Porto de Munguba; Porto de Santarem; Porto de Itacoatiara; Porto de Manaus, Porto de Porto Velho e Porto de Itaituba, os municípios paraenses de Afuá e Chaves, situados na foz do Rio Amazonas, a noroeste da ilha de Marajó.

 

ACESSOS: Rodoviário: pelas rodovias AP-010, ligando as cidades de Macapá e Mazagão; BR-210 (Perimetral Norte), encontra a BR-156, próximo a Macapá, e na área urbana, pela Rua Cláudio Lúcio Monteiro. Ferroviário: a 2km das instalações portuárias, a estrada de ferro do Amapá – EFA, liga a Serra do Navio até o terminal privativo da Tocantins Mineração S/A, em Santana. Marítimo: pelo Rio Amazonas, pela Barra Norte, situada entre as ilhas Janaucu e Curuá e pela Barra Sul, delimitada pelas ilhas de Marajó e Mexiana; pelo canal natural de Santana, braço norte do Rio Amazonas, com largura variável entre 500m e 800m e profundidade operacional de 12m. Fluvial: pelo Rio Amazonas e seus afluentes.

Aéreo: Aeroporto Internacional de Macapá, a 20 km do porto, com vôos diários para as principais capitais do Brasil.

 

ÁREA DO PORTO ORGANIZADO: Conforme Portaria-MT nº 71, de 15/03/00 (D.O.U. de 16/03/00), a área do Porto Organizado de Santana, no Município de Santana, no Estado do Amapá, é constituída:

 

EQUIPAMENTOS: 1 guindaste Grove modelo GMK – 5130 para 130t; 1 empilhadeira Hyster de 7t; 2 empilhadeiras Yale de 3t; 2 tratores Ford CBT para reboque de carretas; 6 carretas para contêineres; 6 carretas para palets; 2 transportadores de correia móvel e elétrica; 1 balança rodoviária eletrônica de 80t

1 ship-loader para cavaco, da Amcel e 1 empilhadeira Belotti para contêineres de 40t

 

ESTRUTURA DE APOIO: Energia Elétrica: banco de 3 transformadores trifásicos de 75 kva nas tensões440/254V, 380/220V e 220/127V; Água: fornece água potável para os navios. Tomadas para contêineres frigorificados: 04 tomadas trifásicas de 220 V; 06 tomadas trifásicas de 380 V; 10 tomadas trifásicas de 440 V

            04 empresas atuam como operadores portuários: Mineração Vila Nova, Amapá Celulose – Amcel, Amazon Log e MMX – Minerais e Metálicos do Amapá. Praticagem: Praticagem da Bacia Amazônica Oriental Ltda. Rebocadores: não existe (não precisa)

 

MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS: Cargas predominante: Cromita, manganês, madeira, cavaco de eucalipto e pinus, biomassa, minério de ferro e pasta de celulose.

 

PROJETOS DE EXPANSÃO: Ampliação do píer 2 para 200m e construção de um novo berço.

 

 

REFERÊNCIAS

 

http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/3158/1/Artigo_IcomiAmapaMeio.pdf

 

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