domingo, 14 de janeiro de 2024

Memória: ELFREDO GONSALVES (1922-2015)

 


Elfredo Gonsalves, jornalista e escritor

Se estivesse vivo, faria hoje 102 anos. Jornalista e escritor, ELFREDO GONSALVES nasceu em Belém do Pará no dia 14 de janeiro de 1922; faleceu em Macapá, em 30 de abril de 2015. Elfredo Távora é um dos filhos do negociante português George Mayer Gonsalves nascido no Brasil, tem muitas histórias para relatar. Mas falar de Elfredo é quase que obrigatório falar de seu ancestral de nome Alfredo Gonçaves, que publicou, em 1932, a obra O VERDADEIRO ELDORADO, em que relata suas andanças pela Amazônia, especialmente na região do Amapá, onde as famílias Távora e Gonsalves estabeleceram seus negócios e formaram as famílias.

 Em 4 de janeiro de 1947 Elfredo é nomeado presidente do diretório regional do PTB, criado nesta data em Macapá.Em 6 de agosto de 1968, por ter criticado o governador Ivanhoé Martins através da revista Hiléia, tem sua prisão solicitada pelo governador, aos órgãos de Segurança do Regime Militar dias antes da visita do presidente Costa e Silva ao Amapá, mas seus amigos influentes o avisam antecipadamente e conseguem anulação do ordem de prisão.

 

            Em represália, Elfredo faz chegar até à comitiva de Costa e Silva, quando de sua escala em Belém, exemplares da revista Hileia, com denuncias que havia feito no momento em que foi exonerado da Divisão de Terras e Colonização, DTC, motivo principal de suas criticas.

 

Elfredo Távora é uma testemunha viva da história do Território do Amapá desde a sua criação, em 1943, quando tinha apenas 21 anos, até os dias atuais do século XXI. Sua trajetória pública foi moldada por um caráter forjado na formação que recebeu ao longo da vida, em que os valores morais são sustentáculos vitais que orientam as ações em todos os sentidos. Por isso, nas páginas que escreveu, além de rememorar alguns episódios pessoais, ele analisa sua participação na vida política do Amapá, através das lides no antigo PTB e contextualiza os episódios locais com a situação nacional.

 

            Corajoso, firme em suas convicções, jamais abriu mão de suas ideias e do senso de liberalismo e ética que nortearam sua atuação e que foram sempre reconhecidos por todos. A Folha do Povo, jornal que circulou no período de 1959 a 1964, se contrapunha à liderança de Janary Nunes e seus sectários, denunciando irregularidades do governo. 


O saudoso Amaury Farias, seu companheiro de lutas, no livro MEUS MOMENTOS POLITICOS, relatou com minúcias as dificuldades de naquela época imprimir e distribuir um jornal sem qualquer tipo de apoio e sob a constante vigilância policial e de como era quase impossível lançar-se uma candidatura oposicionista. Episódios vividos por Elfredo engrandecem o verdadeiro espírito de luta e idealismo que norteou aquela geração de jovens que sempre almejavam o melhor para esta região brasileira, cujos governos nomeados quase sempre não atendiam aos verdadeiros anseios da população.

 

 


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