sexta-feira, 27 de setembro de 2019

APA DO RIO CURIAÚ, 27 ANOS DE CRIAÇÃO



A APA (Área de Proteção Ambiental) do rio Curiaú. Tem uma área geográfica de 23 mil hectares, abrangendo importantes ecossistemas da região como as florestas e campos de várzeas e o cerrado. Residem atualmente na área cerca de 1.500 pessoas divididas em quatro comunidades - Curiaú de dentro, Curiaú de Fora, Casa Grande e Curralinho. Para essas pessoas, a preservação da beleza local é uma questão da beleza local é uma questão também de sobrevivência: é preciso manter os peixes, as garças e a graça do lugar.

            Com o olhar manso mas desconfiado, os moradores do curiaú lutam para preservar além da beleza natural da região, a memória dos antigos escravos trazidos no século XVII para a construção da Fortaleza de São José. Foram eles os formadores dos pequenos núcleos familiares que originaram a vila do curiaú - antigo quilombo - e demais comunidades existentes na área. Festeiras, essas comunidades encontraram na comemoração de datas religiosas uma maneira de preservar a herança afro. Esculpidas pelo sincretismo religioso, suas comemorações reúnem elementos profanos - como o batuque e o marabaixo - e religiosos como as ladainhas em latim, a procissão e a folia. Uma mostra desse sincretismo pode ser vista na tradicional festa de São Joaquim, escolhidos pelos antigos escravos como padroeiro do curiaú. Durante dez dias - 9 a 19 de agosto - as comunidades reúnem-se para cantar sob a benção católica, as ladainhas caindo, pouco depois, no ritmo quentes dos macacos - tambores feitos de tronco de macacaueiro e couro de animais silvestres.



            A Vila de Cúriaú, situa-se a 08 Km de Macapá e se lança no Amazonas, localização esta de fundamental importância histórica.

            O negro está presente na história do Amapá desde o começo da ocupação em meados do século XVIII. Os primeiros chegaram a região em 1751, Trazidos como escravos por famílias do rio de janeiro, Pernambuco, Bahia e Maranhão, que vinham povoar Macapá. Em seguida começaram a ser importados da Guiné Portuguesa, principalmente para a cultura do arroz. O maior contingente veio a partir de 1765 para a construção da fortaleza. m abril daquele ano, o governo do Grão-Pará mantinha 177 negros escravos trabalhando no forte. Alguns morreram de doenças como sarampo e malária e por acidente de trabalho. Outros conseguiram fugir aventurando-se pelo lago do curiaú. Nessa região o português Manoel Antônio Miranda mantinha propriedade, na chamada Lagoa de fora e não se importou de acolher escravos. Também os franceses que procuravam fixar-se na margem direita do rio Araguari estimulam a formação de quilombos. Em 1862, quando a população de Macapá era de 2.780 habitantes, os negros escravos somavam 722, cerca de 25%.





quinta-feira, 26 de setembro de 2019

PRESENÇA NAZISTA NO SUL DO AMAPÁ (1935 A 1937)

Expedição alemã que esteve no Rio Jari


A presença nazista no Amapá foi registrada principalmente no rio Jari, através da obra de Cristóvão Lins (Jarí, 70 anos de historia).  Próximo à cachoeira de Santo Antonio, segundo Lins, existe uma sepultura marcada com suástica nazista.

De 1935 a 1937, quatro alemães fizeram estudos no rio Jarí, montando acampamento de base perto da cachoeira de Macaquara, nas proximidades de uma maloca de índios Aparai.



Alemães expedicionários como Oto, Kalis, Joseph Grenner e Ricardo são pessoas que, representando a Alemanha nazista, fizeram pesquisas no Jarí nos dois primeiros anos da segunda metade da década de 30. Com a morte de um deles (Joseph Grener) os trabalhos científicos foram encerrados. Não se sabe, contudo, se o falecimento foi a causa do fim dos estudos ou se os três restantes deram-se por satisfeitos com as informações colhidas.

Joseph Grenner foi capataz da expedição. Devia ter 30 anos de idade quando em 1935 chegou ao Jarí. Falava bem o português. Morreu repentinamente de febre, quando fora buscar mercadorias, em lombo de burro, para o local onde estava seu pequeno barco.


O chefe dos pesquisadores alemães parecia ser Oto, provavelmente geólogo. Teve uma filha com uma índia Aparai, de nome Macarrani. Cristóvão Lins relata no livro que a filha de Oto e a indígena era chamada Cesse: “Era branca e tinha os olhos azuis. O pessoal chamava-a de ‘alemoa’, ela dizia que era Aparai. Mais tarde Cesse, que diziam ser muito bonita, casou com um índio da tribo”.

A obra de Lins diz também que quando Grener faleceu os seus companheiros de expedição estavam muito longe de Cachoeira. E então o pessoal do local fez o sepultamento, mandando em seguida avisar Oto, Ricardo e Kalis.



Ao tomarem conhecimento das circunstâncias do ocorrido, os três alemães foram ao cemitério ver o local onde Grener tinha sido enterrado. De Cachoeira embarcaram para Belém. Dois meses depois Oto e outro membro retomaram a Santo Antonio de  Cachoeira com uma cruz em acapu de três metros de altura.

Na madeira da cruz foram gravadas letras em idioma alemão e suástica nazista, cuja tradução em português é a seguinte: “Joseph Grener faleceu aqui em 02.01.36 de morte de febre em serviço de exploração para Alemanha. Expedição Alemanha Amazonas Jarí. 1935-1937.”


Nota: As imagens que ilustram este texto foram transcritas da obra de Cristóvão Lins: Jari 70 Anos de História

sábado, 14 de setembro de 2019

AÇORIANOS NO AMAPÁ



Migrantes  que povoaram Macapá, a partir de 1750, os açorianos eram oriundos do arquipélago dos Açores, situado no Atlântico Norte, e que constitui atualmente parte do território de Portugal. O primeiro grupo de açorianos chegou em 19 de dezembro de 1751. Eram 302 pessoas, que saíram de Belém para colonizar Macapá. Em 25 de dezembro chegam ao povoado mais 2 mil, com varias cabeças de gado para o desenvolvimento da pecuária.

Em 12 de março de 1773, o grupo sobrevivente de várias epidemias sai de Macapá e migra para Mazagão. Esse êxodo provoca uma fase de decadência em Macapá. O próprio administrador militar de Macapá, sargento-mor Manuel da Gama Lobo d’Almada, abandona Macapá por alguns meses para organizar a população nascente de Mazagão.

Em 1856, com a elevação de Macapá à categoria de cidade, já não tinham mais açorianos em Macapá.



quinta-feira, 12 de setembro de 2019

O 13 DE SETEMBRO DE AGORA E OUTRORA




 Vários fatores foram incisivos para a criação de uma  corporação política no Amapá, desde o período colonial. Entre eles, destacamos o surgimento da Colônia Militar Pedro II (1840), o governo do Triunvirato (1894), o Território de Aricari (1901) e a Colônia Militar de Clevelândia, no Oiapoque.

Por volta de  1836, quando o movimento nativista cabano grassou em toda a região do Pará, promovendo clima de tensão e medo, a Fortaleza de São José de Macapá, abrigou as tropas legalistas (anti-cabanagem) que vinham das Juntas Governativas de Belém e Santarém, com a intenção de frear  a ação dos revolucionários cabanos nas ilhas próximas a Macapá e Mazagão. A defesa do lado amapaense foi brilhante, e nenhum grupo cabano conseguiu tomar Macapá ou Mazagão nesse período.

Após a cessação do movimento, com a prisão dos revolucionários sobreviventes, o Governo Imperial, ouvindo os rogos das lideranças do Norte, resolve criar em 1840 a Colonia Militar Pedro II, situada na região do Araguari. O surgimento desta corporação foi necessário, em razão das constantes ameaças francesas na região setentrional. Nesse mesmo período as conversações em torno da neutralização da área contestada (Amapá, do Oiapoque ao Araguari) estavam em andamento.

Em 1893 (outros mencionam 1894) os brasileiros Germano e Firmino Ribeiro descobrem ouro nas cabeceiras do rio Oiapoque, dentro dos limites contestados pela França. Mesma época o Diretório de Paris havia criado em Cayenne, na Ilha do Diabo, uma penitenciaria para abrigar presos políticos contrários ao regime francês vigente. Os “creolos” de Cayenne, frente á mudança da situação na Guiana, e com grandes esperanças na descoberta do metal prcioso, passaram a migrar para a região das minas, próximo a atual Calçoene, provando um verdadeiro “russ” no local. A região se transformou em “inferno a céu aberto” e “terra sem dono”, com a presença de pessoas de várias nacionalidades e de todos os tipos de comportamentos, que não pensavam duas vezes em cometer assassinatos pela posse do ouro.

Ano de 1900. Após a invasão de franceses á então localidade de Amapá, e a resolução  suíça dos destinos do Contestado, com a integração da região ao Pará, ocorrem vários movimentos políticos de pequena monta, como a chamada “Revolução Macapaense”, em que tropas do Exército brasileiro, ao comando do tenente Pompeu Aureliano de Moura, comandante militar de Macapá, inconformadas com a decisão do Chefe de Policia de Belém, em ter tirado o encargo do policiamento da cidade do Exército aquartelado na Fortaleza, para a responsabilidade de novos policiais treinados em Belém, esses militares resolvem tomar Macapa por um mês, bloqueando tanto a entrada como a saída de pessoas. A insurreição, mais tarde sufocada por um almirante do 4º Distrito Naval, a pedido do Chefe de Policia de Macapá Aprigio Perez Nunes, passou para a historia como um movimento revolucionário, e reacendeu nas mentes do então intendente Coriolano Jucá, e do juiz Manuel Buarque, a chama de autonomia para a região.



Em 1901, após a resolução do conflito franco-brasileiro através do governo da Suiça, Walter Hauser, que deu ganho de causa ao Brasil sobre a questão do Contestado (1º de dezembro de 1900 – Laudo Suiço), o governo estadual do Pará cria o Território de Aricari, abrangendo a região antes contestada, situada entre o Oiapoque e o Araguari. Clevelandia surge a partir de 1926, inicialmente como colônia penal, e depois como colônia agrícola, culminando com uma colônia militar a partir de 1926. Com o advento do Território do Aricari, a porção antes contestada do Amapá passou a abranger a nova circunscrição, ficando Macapá e Mazagão a condição de simples municípios do Pará.

A ascensão de Getúlio Vargas ao governo do Brasil em 1930 modificou um pouco o cenário nacional, ao mesmo tempo em que intensificou, novamente,  a cobiça internacional pela Amazonia. Assim, novamente os estudiosos de questões fronteiriças se arvoraram na criação de projetos de aproveitamento das áreas fronteiriças da região setentrional do Brasil, uma vez que o Amapá já tinha sido palco destas cobiças.

Assim foi elaborado um projeto de ocupação do Amapá, que imediatamente não foi cumprido, em razão de problemas que o Governo Central tinha, por causa da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente Getúlio Vargas tentou se manter na neutralidade, mas com a entrada dos Estados Unidos no conflito em dezembro de 1941, e da Conferencia dos Chanceleres Americanos, no Rio de Janeiro, em janeiro de 1942, foi determinado o rompimento de relações entre os países americanos e as nações do “Eixo”. Assim, Getulio Vargas rompeu relações diplomáticas com a Alemanha e o Japão. Em 22 de agosto desse mesmo ano, com a declaração americana de guerra á Alemanha, o Brasil se envolve no conflito.



 Em conseqüência desta decisão e da necessidade de se melhor estruturar o pais para enfrentar as adversidades provocadas pela guerra, Vargas reativa o projeto de áreas que protegessem as fronteiras brasileiras. Assim, ressurge a necessidade de ocupação do Amapá.

Nas Constituições de 1934 e 1937, são proclamadas a existência de áreas territoriais diretamente dirigidas pelo poder federal. Assim, ganham corpo os status de Territórios Federais. Essas áreas seriam incorporadas ao estado brasileiro, das áreas provenientes da perda de autonomia do Estado que revelasse incapacidade financeira para administrá-lo e promover-lhe o desenvolvimento, como foi o caso do Pará em relação ao Amapá. Contudo, somente em 10 de dezembro de 1940, o governo federal começaria as providencias para concretização do dispositivo constitucional, quando presidente Getulio Vargas, em Manaus, num discurso afirmara que a partir daquela data a recuperação da Amazonia seria uma meta de prioridade numero um de seu governo.

 O pronunciamento do presidente Vargas reacendeu nos amapaenses as esperanças de autonomia da região, que no entanto, só se concretizaram em 13 de setembro de 1943 com a edição do decreto-lei nº 5.812, que além do Amapá criou também os territórios federais de Rio Branco (Roraima), Guaporé (Rondonia), Ponta Porã e Iguaçu. De todos, o Território Federal do Amapá passou a ser “a menina dos olhos” do Governo Federal, por sua posição geográfica e por ter os americanos construído uma base militar aérea que servia de ponto estratégico para incursões militares no norte da ´`Africa, durante o conflito bélico mundial, e proteger a entrada da Amazõnia, demovendo qualquer intenção de invasão e ficar vigilante ás movimentações nas Guianas, cujos países que os colonizavam estavam completamente envolvidos no confronto e enfrentando dificuldades diante das tropas inimigas.

Com a derrota iminente das forças do “Eixo” em 1945, aumentaram as pressões internas pela democratização do país, já que ele passou por uma experiência de ditadura getulistas. Pressionado, Vargas marcou as eleições para a presidência da Republica e para o Congresso Nacional. A esse sinal as forças políticas organizaram-se.

No Território  do Amapá ainda não havia partido político legalizado, existindo apenas simpatizantes do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Janary Nunes (primeiro governador) agindo com cautela, não decidiu logo em qual partido filiar-se. Ficou na expectativa dos acontecimentos políticos nacionais, que cada dia que passava tornava-se o quadro cada vez mais incerto e confuso.



O Partido Social Democrata (PSD), no dia 19 de março, lançou o general Eurico Gaspar Dutra como candidato á presidência. Ainda nesse mês o governador do Pará, Magalhães Barata, hipoteca publicamente apoio ao mesmo. A decisão contribuiu para que Janary  Nunes se decidisse também em apoiá-lo.

 Quando ainda se organizava o PSD no Amapá, ganhou projeção nacional a candidatura de um outro militar, o brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN (União Democratica Nacional) com a possibilidade de ser eleito. Esse candidato, num comício em São Paulo, em 16 de junho, na exposição de seu programa de metas, propunha a extinção dos Territórios Federais e sua integração aos Estados de origem. Esta foi a “deixa” para que Janary Nunes fizesse uma oposição radical ás idéias de Eduardo Gomes. Assim, ele pronunciou um inflamado discurso conclamando os amapaenses a aderirem a candidatura pessedista, que logo ganhou adesão da quase totalidade da população, principalmente porque no programa do partido, ao contrário das metas da UDN, se propugnava pela manutenção dos Territórios Federais.

Em 2 de dezembro realizaram-se as eleições para presidente do Brasil e o congresso Nacional. No Territorio do Amapá se votou apenas para presidente e logo as urnas foram apuradas, com o general Dutra obtendo a maioria dos votos do eleitorado amapaense.

 A apuração nacional no dia 15 de dezempreo indicava a preferência do eleitorado pela candidatura pedessita. Na capital federal se preparava uma grande festa para a posse do novo presidente e o retorno da democracia ao Brasil. Para participar desse acontecimento e tratar de sua permanência no governo do Território do Amapá, Janary Nunes seguiu para o Rio de Janeiro no dia seguinte e seis dias após foi recebido pelo presidente eleito. Saiu do encontro confirmado como governador amapaense.

Os congressistas eleitos se tornaram constituintes e ao iniciarem os trabalhos, parlamentares udenistas retomaram a questão da extinção dos territórios. O deputado Hugo Carneiro, do PSD acreano, passou a defender com insistência a manutenção dos mesmos, postulando que, ao contrário, se deveria conceder a essas unidades federais, três vagas á Camara Federal. Mas a proposta foi rejeitada, decidindo os parlamentares apenas por manter dois representantes para o Acre e estabelecer uma representação para os demais territórios. Todavia, as discussões sobre a extinção prosseguiram, encaminhando-se para acabar com as aspirações da população do Amapá de autonomia da região.

O posicionamento udenista na Constituinte, principalmente dos sulistas preocupava Janary Nunes, apesar de serem minoria no Congresso Nacional. Como conseqüência segue á Capital Federal (ainda o Rio de Janeiro), para acompanhar as discussões e exercer com os outros governadores territoriais pressão sobre os parlamentares pessedistas para cumprimento da proposta de campanha pela manutenção dos territórios. Essa questão o preocupava muito porque evidenciava que não prevaleceria a fidelidade partidária e sim os interesses regionais.

O deputado paraense João Botelho, na segunda quinzena de junho, apresenta á Comissão Constitucional sugestão para que os Estados os quais os territórios tinham sido desmembrados recebessem indenização por causa do desmembramento, como o foi o Pará no caso do Amapá. Simultaneamente á proposta, setores da Imprensa do Pará iniciara uma campanha pela extinção dos Territorios federais, sem, contudo, chegar a influenciar e tampouco externar a opinião sobre o assunto da totalidade dos constituintes paraenses, cuja maior bancada era a do PSD e liderada pelo agora senador Magalhães Barata, um ferrenho defensor pela manutenção dos Territorios, porque , segundo ele, uma possível reabsorção só traria despesas aos Estados.

A comissão de projetos das Disposições Transitórias da Constituição de 1946, no dia 4 de setembro, dá por encerradas as discussões sobre o assunto, e por 39 a 2 votos decide-se pela extinção somente dos territórios de Ponta Porã e Iguaçu, permanecendo Amapá, Roraima e Rondonia.

 A extinção do Territorio Federal do Amapá só se dará em 5 de outubro de 1988, com a Constituição Cidadã que o transformou em mais um Estado membro da União.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

ACIA: UM POUCO DE HISTÓRIA



A Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA, foi fundada em Macapá no dia 24 de julho de 1945, pouco tempo depois da instalação do Território Federal do Amapá, em 13 de setembro de 1943. Constituída como sociedade civil de direto privado, a Associação Comercial e Industrial do Amapá é a mais antiga organização de sociedade amapaense, representativa dos interesses das categorias econômicas do comércio, da indústria e dos serviços, em atividade permanente.
Sendo o Território Federal, por suas características próprias, uma unidade federada marcada pelo autoritarismo estatal e pela presença preponderante do poder público nas atividades econômicas, a Acia desempenhou papel fundamental na construção dos ideais da iniciativa privada no Amapá, tendo sido, durante muito tempo, o único fórum de debates independente a estimular as discussões sobre os princípios da livre iniciativa e da economia de mercado.
          Atenta à peculiar situação geográfica do Amapá, fisicamente isolado do resto do Brasil, a Acia dedicou especial atenção às discussões dos assuntos pertinentes à navegação fluvial, com o objetivo de facilitar as relações comerciais com o país e o exterior, e à construção das estradas de rodagem, para a integração intrarregional.
          O pioneirismo da Acia também se manifesta no patrocínio da criação de todas as entidades de expressão, sindicais ou associativas, representantes de segmentos específicos do comércio, da indústria e dos serviços: foi a matriz de onde surgiram a Câmara de Dirigentes Lojistas de Macapá - CDL, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amapá - Fecomércio/AP, Federação das Indústrias do Estado do Amapá – Fieap, Associação Amapaense dos Supermercados - AMAPS, Associação dos Distribuidores e Atacadista do Estado do Amapá - ADAAP e Associação dos Importadores do Amapá.
          Outra demonstração de compromisso com o desenvolvimento econômico do Território e depois do Estado do Amapá, e do prestigio angariado junto às autoridades do poder público e da representação política, foi a luta exitosa para a criação e instalação de duas instituições públicas, pilares de sustentação das atividades econômicas do Amapá: a Junta Comercial, em 1973, e a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana - ALCMS, em 1991. Não por coincidência, as instalações da Acia serviram de sede, tanto para Junta Comercial, como para a Suframa, autarquia que administra a ALCMS, nos seus primeiros anos de funcionamento.
          A Acia continua sendo referência obrigatória quando o assunto é o desenvolvimento econômico do Amapá. A diversificação da matriz econômica obrigou a especialização na representação das novas e diversificadas categorias econômicas. No entanto, isso em nada alterou o papel da Acia na interlocução entre o poder público e os setores produtivos do Estado e, nesses, entre os vários segmentos que os compõem. Mantém-se, assim, na atualidade, como a mais importante entidade de representação das categorias econômicas amapaenses, resguardando, ao mesmo tempo, sua importância histórica originária.
          Brevemente, a entidade receberá da Construtora ICON os pavimentos térreo, primeiro e o décimo sexto do magnífico edifício da ACIA, situado na Av. Fab com General Rondon. A nossa expectativa é grande, pois será um dos marcos principais da história da entidade de quase sete décadas.
          A Associação Comercial e Industrial do Amapá reconhece o grandioso trabalho feito pelos presidentes e diretores que nos antecederam, agradecendo aos mesmos, todo o empenho que tiveram para que hoje tenhamos a certeza do recebimento da nova sede da ACIA.



FOTO MEMÓRIA: PEDRO TEIXEIRA



Explorador português que esteve em incursões pelas terras do Amapá no período colonial, Pedro Teixeira é figura de grande destaque da história amazônica. Nasceu em Castanhede, a duas léguas de Coimbra, segundo Cândido de Melo Leitão. Foi genro de Diogo de Campos Moreno, cuja filha seria viúva, ou então teria casado novamente como viúva, pois é conhecido, também, que d. Catarina d’Avila, casada com Pedro Correa de Bittencourt, sargento-mor do Pará em 1632, era sua enteada. A data de nascimento, portanto, ainda é desconhecida. Faleceu em Belém, em 4 de junho de 1641, poucos dias após ter sido nomeado governador do Pará. Chefiou, em 1629,  uma expedição ao longo do rio Amazonas. Partiu de Belém (Pará) e atingiu Quito, no Peru, descobrindo o Rio Negro. A expedição ataca a feitoria do Forte do Torrego na Ilha dos Tucujus (atual Macapá). Derrotados, os holandeses se retiram; mas Macapá era uma posição estratégica levando-os a retomarem mais tarde. Ocorriam novas batalhas, mas com vitória dos lusitanos. Outro forte foi tomado: o de Cumaú (Massapá), de propriedade inglesa, que em 1631 foi transformado em Fortaleza, com o nome de Fortaleza de Santo Antonio de Mcapá. (CARVALHO, 1998:166.

É considerado o mais importante fronteiro da história da Amazônia, pois fixou o marco de oeste que possibilitou a Portugal, e depois ao Brasil, estender-se até os limites atuais que outros, também grandes, demarcaram, como Francisco Caldeira Castelo Branco, que fundou Belém (Pará), e Bento Maciel Parente, primeiro donatário da Capitania do Cabo do Norte (primeira nomenclatura política das terras do Amapá).

Sua atuação nas terras do Cabo do Norte foi definitiva para a conquista do grande patrimônio amazônico e do próprio Amapá atual. Em companhia do sogro Diogo de Campos Moreno, entrou para a História do Brasil, quando o acompanhou ao Rio Grande para juntar-se a Jerônimo de Albuquerque (depois Maranhão). Era alferes e, com o então soldado Antonio Teixeira de Melo, foi mandado escolher lugar de boa guarda para a tropa portuguesa que iria combater os franceses alojados na Ilha de São Luis. Foi escolhido o local de Juaxinduba, onde o engenheiro Francisco de Frias ergueu um forte. Pedro Teixeira tomou parte, pois, nas ações contra os franceses, inclusive na batalha do dia 19 de novembro de 1914.

Com a finalização dos componentes da expedição que iriam ao Pará, Pedro Teixeira acompanhou Castelo Branco, em sua estréia, para levar a Jerônimo de Albuquerque Maranhão, por terra, a notícia do feliz evento. Partiu Pedro Teixeira acompanhado por Antonio da Costa, dois soldados e trinta índios, no dia 7 de março de 1616, subindo o rio Guamá até a atual cidade de Ourém.