sexta-feira, 22 de novembro de 2019

A HISTÓRIA DO BAR CABOCLO




No final dos anos 40, um homem vindo da cidade de Mazagão Velho resolveu montar um negócio. Comprou a área onde funciona atualmente a sede do Sindicato dos Bancários e lá montou uma venda, construída em madeira. Um ponto comercial simples, porém, bem equipado. Lá tinha confecções, picolé, sorvete, produtos alimentícios, suco, refrigerante, aguardente e um nome sugestivo: Bar caboclo. Abrão havia despertado a atenção do povo de uma simples cidade onde quase não havia entretenimento e tudo era novidade.
O bar ficava em área alagada, onde pontes de madeira serviam como passarela para o vai-e-vem dos dias e das noites. O novo ponto comercial da cidade foi visto como uma mina de ouro por mulheres que sobreviviam da prostituição. Não havia local melhor na cidade para se conseguir fregueses. Ali próximo atracavam todas as embarcações que chegavam à Macapá trazendo caboclos ribeirinhos e também marinheiros estrangeiros que ao desembarcarem faziam logo procuração pelo bar.


De acordo com Abrão, o Bar Caboclo nunca serviu como pista de dança e muito menos chegou a ser hospedaria de prostitutas. Segundo ele, o que não faltava eram quartos naquelas imediações para que elas desenvolvessem suas atividades.
“Eram apenas minhas freguesas. Me davam certo problema porque afastavam outro tipo de freguesia. Mas não poderia proibi-las de entrar no bar, mesmo porque elas também me davam lucro”, conta pensativo.
O proprietário do bar tinha lucro com as prostitutas porque quando um freguês se engraçava com alguma delas não tinha pena de esbanjar dinheiro. Abrão cita um costume das freqüentadoras de seu bar: “Adoravam pedir para os caboclos pagarem cerveja para elas e me diziam no ouvido para eu esquecer a bebida e entregá-las o dinheiro mais tarde. Nunca gostei disso”.
            Quando os marinheiros não tinham dinheiro para pagar o serviço de bar e o serviço das mulheres, sempre deixavam jóias para cobrir a dívida. Abrão exibe até hoje um anel que recebeu de um gringo (jornal de 1995). Quanto aos caboclos, esses, quando não tinham dinheiro para cobrir suas despesas, o dono do bar até que aceitava um pagamento posterior. Mas com as prostitutas não tinha acordo. A pancada comia e a Guarda Territorial entrava em ação.
O bar enfrentava outros problemas. Macapá era abastecida de energia das 22h até às 6 da manhã. Por determinação da Guarda Territorial o ponto poderia funcionar apenas até a meia-noite. “Era a época em que tínhamos como Governador Evanhoer Gonçalves e havia um delegado de polícia chamado Isnar Leão que não dava mole. Ninguém ficava fora de casa depois da meia-noite”, enfatiza Abrão.



UM NOVO BAR
            O ponto comercial de Abrão deu certo e em três anos ele inaugurou um outro bar, todo em alvenaria, muito mais equipado e pintado em cor rosa. No seu interior tinha uma gravura, de um casal de índios, feita pelo pintor Herivelto. Era um prédio, segundo Abrão, bastante chamativo. Havia poucos como aquele na cidade. O empreendimento mudou de cara e de local, mas o nome permaneceu o mesmo.
Agora o bar caboclo passava a funcionar onde está localizada atualmente uma loja de discos. A freguesia aumentava mais ainda. Em menos de uma hora de funcionamento o comerciante conseguia vender quase quatro grades de cerveja. O bar já era freqüentado até por p3essoas consideradas da “alta”, mas alguns homens não admitiam que suas mulheres pisassem no local. Há um antigo comentário de que um radialista da Rádio Difusora de Macapá chegou a ir buscar sua esposa aos tapas na porta do bar. Ali também era considerado o ponto da fofoca. Depois de alguns copos de cerveja, os homens costumavam fazer comentários sobre os casos de adultérios da cidade. Outro assunto de mesa de bar era virgindade. Todos pareciam saber quais as garotas que eram e as que não eram virgens.
Com o passar dos anos foram aparecendo outros estabelecimentos comerciais na cidade como as boates Merengue e Suerda. Como tudo o que aparecia em Macapá era novidade, essas casas chegaram a roubar a freguesia do Bar Caboclo. A Suerda funcionava como prostíbulo e suas prostitutas tinham fama de ser bonitas. Muitas vinham de outros estados para disputar o mercado com as amapaenses do Bar Caboclo. Mas essa concorrência não foi fato para prejudicar o sucesso do ponto comercial de Abrão. As freqüentadoras do bar caboclo não inflacionavam o preço de seus serviços e recuperavam seus fregueses.
Seria um erro falar sobre o ponto comercial de Abrão sem citar que o bar era uma espécie de reduto dos literatos e jornalistas da época. Muitos deles não iam para o bar com intenção de pegar uma prostituta e levar para um quarto. A movimentação de ir para a cama com alguma prostituta, as brigas, o comportamento de quem olhava o movimento de fora, a fofoca, enfim os intelectuais sabiam que estavam freqüentando um ambiente que ia entrar para a história do Amapá. Apesar da fama, o local tinha um comércio diversificado.

O FIM DO BAR
Abrão disse que a partir do aparecimento do Plano Cruzado ficou sem condições de trabalhar devido a crise financeira.
“A crise me pegou de jeito e tive que fechar o negócio”, lamenta. O velho Bar Caboblo foi alugado então ao comerciante Edivar Juarez que lá montou a loja Discão Sucesso. Foram anos de trabalho insuficientes para dar a Abrão a vida de homem rico. A história do bar Caboclo hoje é enredo de peça teatral. O que não é de agrado daquele que foi proprietário do bar. “Ninguém veio me procurar para saber da história. Tudo foi desvirtuado e é compreendido como fato verídico. Isso não poderia ter acontecido”, enfatiza.

Com o fechamento do Bar Caboclo, as prostitutas passaram a freqüentar o Bar do Chico que dificilmente era chamado pelo nome. As pessoas sempre se referiam ao ponto como se ali fosse o bar caboclo. Agora o sobrado foi demolido e lá será construída uma loja. As prostitutas nada puderam fazer para evitar o fechamento. Mas prepararam uma feijoada para dar adeus a uma história onde foram as personagens principais.



domingo, 17 de novembro de 2019

BANCO DA AMIZADE



            Foi inaugurado em Macapa, no dia 26 de dezembro de 1971. Está localizado no bairro do Laguinho, ao lado da Escola Estadual Azevedo Costa.



terça-feira, 12 de novembro de 2019

ASSOCIAÇÃO FOLCLÓRICA BERÇO DO MARABAIXO




            A Associação Folclórica Berço do Marabaixo é uma entidade cultural fundada em Macapá em 16 de junho de 1985, como Grupo Folclórico Gertrudes Saturnino, com o objetivo de resgatar;, preservar e difundir o marabaixo enquanto herança cultural de uma raça remanescente de escravos. Em 19 de junho de 1999 o grupo passa a ser denominado Associação Folclórica Berço do Marabaixo.

            Ao longo de sua existência, a Associação  já realizou Seminário de discussão, participou de palestras, encontros e seminários em diferentes instituições do Estado, procurando realizar um trabalho sistemático na busca de incentivar a valorização dessa importante manifestação cultural.



quinta-feira, 7 de novembro de 2019

BAILIQUE, ARQUIPÉLAGO E DISTRITO MACAPAENSE




Todo arquipélago do Bailique faz parte, atualmente, de um distrito, de mesmo nome, pertencente ao município de Macapá, criado Pela  Lei Estadual nº 931, de 22 de março de 1933. Existe também uma comunidade, de nome Bailique. Ele todo constitui um conjunto de oito ilhas, com 42 comunidades.. Localiza-se a cerca de 185 quilômetros da capital do Estado, por via fluvial. É formado por uma área continental, conhecida como região do Pacuí ou baixo Araguari, além das 8 ilhas. Área: 1.723,5 km2. População estimada em 7.618 habitantes (IBGE 2019).

Ilhas: As ilhas que fazem parte do arquipélago são, Bailique, Brigue, Curuá, Faustino, Franco, Igarapé do Meio, Marinheiro e Parazinho.

Comunidades: Andiroba, Arraiol, Bom Jardim, Buritizal, Cristo Rei, Filadélfia, Foz do Rio Gurijuba, Franco Grande do Bailique, Franquinho, Freguesia do Bailique, Igaçaba, Igarapé do Carneiro,  Igarapé do Meio, Ilha Vitória, Itamatatuba, Jaburuzinho, Jangada, Jaranduba, Limão do Curuá, Livramento do Bailique, Macaco de Fora, Marinheiro do Bailique, Macado de Fora, Marinheiro de Fora, Maúba, Nossa Senhora Aparecida, Ponta da Preta, Retiro do Pirativa, Santo Antonio do  Bailique, São João Batista, São Pedro do Bailique, Vila Cubana, Vila do Maranata, Vila Macedônia e Vila Progresso.



            O vocábulo Bailique é uma mistura do nheengatu (uma espécie de tupi jesuítico), com o karib, e segundo Teodoro Sampaio, significa “O doce (Ique) bailado (Baili, baile) dos pássaros (Illiq). “O doce bailado dos pássaros”.

            As comunidades das respectivas ilhas são: Andiroba, Arraiol, Bom Jardim, Bom Jesus, Brigue, Carneiro, Cristo Rei, Cubana, Curuá, Filadélfia, Foz do Gurijuba, Franquinho, Freguesia do Bailique, Igaçaba, Igarapé do Abacate, Igarapé do Buritizal, Igarapé do Meio, Igarapé dos Macacos (Comunidade de São João Batista), Igarapé Grande do Curuá, Ilha Vitória, Itamatatuba, Jangada, Jaranduba, Junco, Limão do Curuá, Livramento, Mapéua (Deus me Ama), Maranata, Marinheiro de Fora, Maúba, Nossa Senhora Aparecida, Parazinho, Ponta da Esperança, Ponta do Curuá, Praia do Farol, Rio Palmas, Santa Terezinha (Cachaça), Santo Antonio de Fora, São João dos Macacos, São José do Jangadinho, São Pedro, Siriúba,Vila do Mastro, Vila Macedônia e Vila Progresso. Vale ressaltar que constantemente estão sendo criadas novas comunidades, e umas se fundem com outras, formando uma nova, dependendo de fatores como localização, importância econômica e geográfica, além de aspectos culturais.

            A população de todo o arquipélago é estimada em 7 mil habitantes (2000). A base econômica é a pesca, extração de palmito, açaí, mandioca e produção agrícola de mel de abelha e pecuária. Energia elétrica 24 horas. Possui uma rádio comunitária (Rádio Comunitária do Bailique).



         
     Ecossistemas: As Florestas de Várzeas, ecossistemas típicos da região, caracterizam-se por serem periodicamente inundadas pelas marés, abrangendo inúmeras espécies vegetais e animais. As florestas, de um modo geral, representam uma alternativa de sobrevivência para as comunidades locais, que extraem delas açaí, palmito, frutas e madeira (sob o controle rígido da Sema e do Ibama).

            Os Campos de Várzeas são ecossistemas menos conhecidos, que ficam atrás das florestas, nas áreas interiores das ilhas. Também são sujeitos às inundações provocadas pelas marés e chuvas e oferecem alimento a diversas espécies de aves. Nestes ambientes pratica-se a pecuária bovina e bubalina.

            Oss Igarapés cortam as ilhas em todas as direções, levando e trazendo a água das marés. São ecossistemas importantes para o Bailique e é deles que saem muitos dos alimentos das comunidadess, como peixes e camarões.



            Os manguezais são ambientes que aparecem na faixa costeira, no contato com a água salgada. Apesar do mangue no Bailique não ser muito desenvolvido, nem produzir o conhecido caranguejo uca, é local de muita importância na alimentação e reprodução de várias outras espécies.

            Já as praias  que ficam mais expostas quando a maré está baixa, também formam um ecossistema próprio. Nele vivem espécies vegetais e animais característicos com, por exemplo, as tartarugas-da-amazônia que procuram as praias para reproduzir, é o caso das praias da ilha do Parazinho.

            Biodiversidade -  Ninguém sabe exatamente quantas espécies distintas de plantas e animais existem no planeta. As estimativas variam de 10 a 50 milhões, mas até hoje os cientistas só classificaram um milhão e meio de formas diferentes de vida. Florestas tropicais como as do Bailique estão entre os ecossistemas mais ricos do planeta (contém quase a metade de todas as espécies animais e vegetais), mas são também os mais ameaçados.

            Cada ano, 17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados no mundo. Com quase 150 mil km2 de superfície, o Amapá destaca-se na conservação de seu meio ambiente e paisagens naturais, sendo que menos de 2% de sua cobertura florestal foi alterado até o momento, sendo assim o Estado mais preservado do país. Na região do Bailique, as florestas abrigam um incalculável número de esxpécies animais e vegetais. Entre os mamíferos da região estão as pacas, cutias, capivaras e macacos e as preguiças. Já entre os mamíferos aquáticos destacam-se o boto, o peixe-boi, que apesar de raro, ainda pode ser observado alimentando-se da vegetação que se forma na parte submersa das praias.

            Entre os répteis destacam-se as tartarugas e camaleões. Diversas espécies de árvores também encontram abrigos nos ecossistemas do arquipélago, como as araras, garças, guarás e outras, além dos peixes, anfíbios, invertebrados e plantas, entre elas, espécies medicinais.

            A região do Bailique já foi assunto, por várias vezes, de edições de jornais, revistas e notícias nacionais e internacionais, por sua características naturais e riquezas de ecossistemas. A integração entre o Bailique e a capital do Estado se faz a partir de embarcações fluviais que singram, diariamente, o trajeto das ilhas, contornando-se sempre pela costa do Amapá.

sábado, 2 de novembro de 2019

TERRA INDÍGENA UAÇÁ



Localizada no município de Oiapoque, a Terra Indígena Uaçá foi criada pelo decreto federal nº 298/91, de 29 de outubro de 1991, que também delimitou a área, com uma extensão de 470.164 km2.